quarta-feira, 17 de abril de 2013

Você é protagonista ou vítima?


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Muitos sonham em partir para a carreira de fotógrafo. Ser dono de seu próprio empreendimento, clientes desejando seu trabalho, finanças equilibradas, aquele stress gostoso da agenda lotada e, mais do que tudo, trabalhar naquilo que você mais ama. Isso tudo é bem possível e está ao alcance de qualquer pessoa. A pergunta que se faz é: se é possível, porque nem todo mundo consegue viver exclusivamente de fotografia?
Bem, a resposta para isso é bastante complexa e envolve inúmeros fatores. Mas um fator que é de grande importância – eu diria, fundamental – é a sua postura perante os desafios exigidos por qualquer nova iniciativa, seja ela entrar para o mundo da fotografia profissional, conquistar mais cientes, aumentar o faturamento do seu estúdio, etc.
Sua postura pessoal diante de desafios estará sempre refletida em suas atitudes como fotógrafo. Se você é arrojado na vida pessoal, muito provavelmente também o será na vida profissional. Se você prefere a segurança então terá talvez a tendência de planejar as coisas muito bem antes de dar qualquer passo.
A boa notícia é que  você pode mudar sua forma de ver o mundo, de ver a si mesmo e, por conseguinte, sua forma de atuar em todas as instâncias de sua vida.
Há, entretanto, uma postura que pode atrapalhar em muito sua vida profissional caso você não faça nada a respeito, e dela vem o título deste artigo:
Você é protagonista ou é vítima da sua carreira profissional?
Esta mesma pergunta poderia ser traduzida como proatividade x reatividade.
Uma pessoa proativa sabe influenciar o meio onde atua, nunca se sentindo vítima das circunstâncias. Ele é o grande diretor da própria vidam e isso inclui sua carreira profissional e escolhe com sabedoria as coisas que podem influir para uma mudança significativa em seu próprio desenvolvimento.
Uma pessoa reativa limita-se a agir e atuar dentro do padrão causa – efeito.
Quando um proativo comete um erro, ele diz “OK, enganei-me” e vai procurar a causa do erro cometido, eliminando-a e trabalhando para que não se repita.
Quando um reativo comete um erro, ele diz “a culpa não é minha” e logo encontra um fator externo para colocar a culpa pelo seu erro.
Quando alguma adversidade acontece, o proativo analisa a situação e toma medidas corretivas para diminuir os danos. O reativo acha que está sendo perseguido pelo azar.
Por maiores que sejam os desafios, os proativos buscam maneiras de enfrenta-los um a um. O reativo procura fugir dos problemas, fingindo que não é com ele.
Um proativo diz “sou bom, mas serei melhor ainda”. O reativo diz “não sou tão mal assim – tem gente pior que eu”.
Um proativo respeita todos aqueles que sabem mais e procura aprender com eles. Um reativo inveja os que sabem mais e apenas se fixa em seus próprios defeitos.
Um proativo sabe que o futuro acontece hoje. O reativo acredita que o futuro acontece amanhã.
O proativo fala ao mercado e o guia. O reativo ouve o mercado e o segue.
Poderíamos listar aqui inúmeras características de cada um dos dois modos de lidar com seu trabalho. Se você já é um fotógrafo proativo, parabéns. Seu trabalho agora é se autodesenvolver ainda mais e ajudar aqueles que ainda não chegaram nesse estágio. Porque o proativo não tem medo de oferecer seu conhecimento para ajudar outros profissionais. No fundo ele sabe que cada profissional tem um talento específico e ninguém ira tomar o mercado ou o cliente dele. Também não tem medo que copiem o seu trabalho, porque ele está sempre mudando, evoluindo e buscando maneiras de fazer melhor o que faz hoje.
Se você leu este texto e sentiu que tem algumas características do lado reativo, saiba que sempre há uma forma de mudar, de fazer melhor, de fazer mais. Basta que percebe as vantagens de ser alguém proativo, analisar suas reações a eventos do dia a dia e, aos poucos mudar. Um mercado feito por profissionais proativos, é um mercado maduro, cheio de profissionalismo, onde todos ganham.
E nunca se esqueça que um profissional reativo é, geralmente, parte do problema. Um profissional proativo e, sempre, parte da solução.

Eduardo Becker - © 2012

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Você sabe o que é 5W2H?

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5W2H é na verdade a abreviatura de uma ferramenta muito utilizada por empresas de todos os tamanhos – profissionais autônomos inclusive - para mapear e dar clareza às atividades necessárias para levar a cabo um plano de trabalho.
 
No caso específico da fotografia profissional, essa ferramenta é ainda mais importante porque é ela que irá ajudar o fotógrafo a definir o melhor caminho para qualquer ação que pretenda empreender, seja a atuação em um novo nicho, a expansão do seu estúdio ou mesmo a compra de um equipamento.

E pra que serve esse negócio?
A ferramenta 5W2H não tem poderes mágicos, ou seja, apenas o ato de utiliza-la não irá fazer aparecer dinheiro em sua conta bancária nem clientes batendo à sua porta. Ela na verdade é uma forma de estruturar seu raciocínio de modo a prever todas as variáveis envolvidas em seu plano, sem deixa-lo esquecer de nada.

O fotógrafo deve utiliza-la sempre, até que se torne um hábito. É assim que ele melhora como profissional.

Mas, vamos lá entender o que é esse tal de 5W2H.
Na verdade, ele nada mais é do que a abreviação em inglês de:

WHO (quem) – WHAT (o que) – WHY (por que) – WHERE (onde) – WHEN (quando)
HOW (como) – HOW MUCH (quanto)
  

Ah tá. E como eu uso isso?
Bem, essa ferramenta pode (e deve) ser utilizada sempre que o fotógrafo der início a qualquer nova atividade que represente uma mudança importante em seu trabalho, por exemplo, quando ele pretende entrar em um novo nicho de mercado, ampliar seu estúdio, contratar funcionários, etc.
 
Ele deve então fazer-se essas sete perguntas em relação àquela nova ação e respondê-las de maneira clara, objetiva e precisa. O simples ato de fazer a si mesmo essas perguntas e colocar as respostas no papel (ou no computador), dará a ele uma maior clareza quanto a viabilidade de seus objetivos e o fará pensar em alternativas, possíveis dificuldades ou eventuais oportunidades. Tudo isso ANTES de dar o primeiro passo em direção àquele novo objetivo.
 
Isso irá dar ao profissional a segurança de estar tomando a decisão certa e que terá todos os recursos necessários.

Para utilizar essa ferramente, crie uma tabela ou planilha e, com seu projeto em mente,  responda às perguntas:

5W
What
O Que?
O que será feito? (projeto / fases / etapas / atividades)
Who
Quem?
Quem fará? (papéis / responsabilidades / áreas)
Where
Onde?
Onde será feito? (logicamente / fisicamente)
When
Quando?
Quando será feito? (tempos e prazos / início e fim)
Why
Por quê?
Por quê será feito? (justificativas / necessidades)
2H
How
Como?
Como será feito? (meios / procedimentos / técnicas utilizadas)
   How much
Quanto custa?
Quanto custa o que será feito? (custos / despesas)


As respostas que surgirão irão, no mínimo, oferecer a certeza de que se está  no caminho certo. Ou, o que é mais comum, irá ajuda-lo a refinar seu projeto de forma que tenha maiores possibilidades de sucesso.
Se ainda estiver sentindo-se inseguro quanto a utilização dessa ferramenta, comece pequeno. Pegue um projeto piloto que você esteja prestes a realizar e faça este exercício. Quanto mais fizer, mais será capaz de prever todas as variáveis de seus projetos. Faça tantas vezes quanto for necessário até que se torne um hábito. Você certamente irá se transformar em um profissional mais capacitado e sairá na frente daqueles seus concorrentes que trabalham com base na intuição.

Eduardo Becker - © 2012


 

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Você está preparado para trabalhar como fotógrafo profissional?

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A fotografia é indiscutivelmente uma atividade apaixonante. Seja em estúdio ou locação, não há prazer maior do que captar e tratar imagens que serão elogiadas por todos. Conhecer todas as funções do equipamento, saber fazer o tratamento das imagens, participar de mostras e exposições, enfim, essa é a atividade que você gostaria de desempenhar todos os dias pelo resto da vida.
 
Então surge a ideia de transformar essa sua paixão em uma profissão. Afinal, em todos os lugares onde vá, você ouve aquela recomendação sobre trabalhar com algo que você ame.
A realidade, contudo, não é tão romântica como quer acreditar sua imaginação. Quando decide partir para a profissionalização, o fotógrafo rapidamente descobrirá que não basta amar a fotografia. São necessários outros talentos que não têm nada a ver com o ato de fotografar.
 
Um fotógrafo profissional tem que cuidar da administração do seu negócio, finanças, contabilidade, contratação de funcionários e colaboradores, fazer networking, gestão da carteira de clientes, plano de negócios, planejamento estratégico de marketing, propaganda, promoção, vendas, lidar com fornecedores e, ufa!!!, fotografar. 
 
Ter um estúdio de fotografia profissional, ainda que esse estúdio seja apenas um escritório no quartinho dos fundos de casa, é tão trabalhoso como ter um barzinho, uma pequena confecção, uma franquia ou qualquer outro empreendimento. Todo profissional dessa área deve manter em mente a ideia de que ele é um empreendedor, um operário do empreendedorismo e que, nesse caso, a fotografia é apenas e tão somente o produto que viabiliza as trocas monetárias entre você, prestador de serviços e seus clientes, tomadores do mesmo serviço que compram seu trabalho para que alcancem seus objetivos pessoais ou profissionais.
 
Então, esqueça aquela imagem de que você irá passar todos os seus dias em locações exóticas, festas maravilhosas, em um estúdio todo equipado produzindo as imagens que você mais gosta. Você na verdade pode até fazer e ter tudo isso, mas estará produzindo as imagens que o seu cliente quer, não as que você deseja.
Pois bem, isso posto e, se depois de ler o texto acima você ainda sente que a fotografia profissional é o caminho que você deseja seguir, faça um autoquestionamento baseado nas perguntas a seguir.

Estou preparado para assumir riscos?
Empreender é correr riscos. Pode dar certo, mas também pode não dar. Você possui as reservas financeiras necessárias para sobreviver financeiramente enquanto seu estúdio estiver em fase de implantação? Você conhece detalhadamente todos os itens que compõe o investimento de seu novo estúdio? (e isso significa não apenas o equipamento, mas verba para divulgação, site, portfólio, despesas com telefones, visitas a clientes, etc.). Você tem perfil de tomador de risco? Ou seja, você consegue manter a cabeça fria e a mente lúcida nos momentos de crise? Essas são algumas das muitas perguntas que você deve se fazer antes de tirar o primeiro centavo do bolso e se aventurar no negócio.

A fotografia profissional combina comigo?
Ou seja, eu tenho o perfil de empreendedor, de gestor ou de artista? Quando decide tirar seu sustento da fotografia, é importante ter um pouco dos três perfis. O empreendedor é aquele que tem uma visão de mercado e arrisca seu dinheiro na realização de uma atividade que o leve àquela visão. O gestor é mais burocrático, tendo que lidar com impostos, planilhas, lidar com o contador, contratar e demitir funcionários, etc. Já o seu lado fotógrafo é aquilo que você sabe fazer de melhor, ou seja, produzir belas imagens.
É fundamental que você faça essa autoanálise e descubra seus pontos fortes e fracos. Não é necessário que você seja bom em tudo, mas é importante conhecer seus pontos fracos para que você possa pelo menos contratar pessoas que complementem suas deficiências em certas áreas.

O serviço que eu vendo tem alguma diferenciação?
E por diferenciação não entenda somente o estilo de suas imagens. Você pode fazer a diferença no tipo de atendimento que dá a seu cliente, na forma de comercializar sua produção, num nicho específico de fotografia pouco explorado. Buscar alguma diferenciação é importante na medida em que se você for ao mercado oferecendo algo que todo mundo oferece, então acabará brigando por preços que, como já deve saber, acaba por “matar” o seu mercado.

Sei exatamente onde é que estou entrando?
É importante que, na etapa prévia de planejamento de negócios que você fizer, tenha informações consistentes sobre o mercado onde irá atuar, quem são seus concorrentes, que preços praticam, qual é o perfil do seu cliente, como compra, quando compra, porque compra, etc.
Deve também se perguntar onde pretende estar nos próximos três, cinco e dez anos. Não que você tenha que prever o futuro, mas esse exercício dará a você uma orientação geral que servirá de suporte ao seu planejamento de curto e médio prazo. Além disso, se você se deparar em uma situação em que lhe faltem recursos financeiros, saberá onde obtê-los? A que taxas? Como irá pagá-los?  Você conhece os aspectos tributários da sua atividade? Que tipo de empresa irá abrir: MEI, EIRELI, LTDA? Quais os impostos que terá que pagar em cada modalidade? Qual é a melhor para você no momento atual?

Estou disposto a passar por tudo isso?
Como deve ter notado, a fotografia profissional está muito além do ato de fotografar. Ela requer muito trabalho, esforço, dedicação, finais de semana sacrificados e coragem. Se você leu isso tudo e ainda está disposto, parabéns. A fotografia profissional cai como uma luva no seu perfil.
Se perceber que ainda lhe faltam algumas habilidades e características, espere um pouco para se jogar de cabeça nessa atividade. Trabalhe paralelamente em seu tempo livre enquanto adquire essas habilidades e faz uma reserva financeira.
Agora, se tudo isso lhe parece insano, sugiro que se transforme no melhor fotógrafo amador que puder. Não há nenhum demérito em ser fotógrafo amador. Pelo contrário. Como amador você não terá compromisso com nada além da sua paixão pela fotografia. Poderá participar de concursos, mostras, exposições, eventos e irá fotografar aquilo que quiser, quando quiser e como quiser.
Como deve ter percebido, a área de fotografia é muito generosa e oferece lugar para todos. Basta que você encontre o seu objetivo e lembre que, qualquer que seja sua escolha, sempre há um preço a pagar.


Eduardo Becker - © 2012



 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Como lidar com clientes que só querem levar vantagem

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Esta postagem, embora não seja de minha autoria, é muito pertinente a todos aqueles que lidam com situações de vendas.
O fotógrafo, principalmente aquele iniciante ou sem o traquejo necessário para lidar com clientes que gostam de levar vantagem em tudo, deve estar atento aos truques mais comuns utilizados por compradores nem sempre afeitos ao cohecido - mas pouco utilizado - ganha-ganha.
O texto original foi tirado do site Portal Administradores e mostra conceitos e atitudes que, com poucas adaptações,  servem muito bem a fotógrafos.
Crédito da autoria de José Augusto Wanderley

10 dicas sobre como negociar com quem só quer levar vantagem

Falso acordo, ameaça e intimidação são alguns dos artifícios utilizados por quem nunca aceita ceder em uma negociação

Uma pessoa só pode se considerar um negociador de alto nível se for capaz de identificar e se sair bem diante das táticas e artimanhas empregadas por quem só quer levar vantagem. Assim, é básico conhecer todos os artifícios utilizados e ter consciência de que quem só quer levar vantagem adota dois princípios básicos. O primeiro, uma frase de Ashleigh Brilliant, "Eu sempre ganho, você sempre perde. Não há nada mais juntos do que isto". O segundo é a 1ª. Lei de Roger que é: "jamais pecar contra o décimo primeiro mandamento, que é não ser pego". Isto significa que quando alguém que só quer levar vantagem diz que uma negociação foi ganha/ganha é porque ganhou em dobro. Portanto, em termos práticos, é preciso ter cuidado com o que é denominado como "falso ganha/ganha", em que uma pessoa perdeu, mas saiu acreditando que o acordo foi um verdadeiro ganha/ganha. É por isto que, nos meus cursos de negociação, eu só falo de ganha/ganha depois de ter apresentado as duas categorias básicas de táticas utilizadas por quem só quer levar vantagem, que são as falcatruas e as táticas de fragilização do estado mental e emocional.

Vamos apresentar dez destas táticas, alertando que o repertório que pode ser utilizado é bastante extenso.

O falso acordo
Em 1938, Neville de Chamberlain, então primeiro ministro do Reino Unido, chegou a Londres, voltando de Munique, exibindo um acordo que havia feito com Hitler, sobre a questão dos Sudetos da Tchecoslováquia. Este acordo concedia à Alemanha a região dos Sudetos, que Hitler alegava ser um território que havida sido tomado da Alemanha. Em troca, Hitler garantia que não tinha nenhuma outra pretensão territorial e que, portanto, a paz na Europa, que Chamberlain tanto almejava, estava garantida. Mas o que aconteceu é que, menos de um ano depois, a Alemanha invadiu a Polônia. Portanto, o acordo que Hitler assinou, e que Chamberlain mostrou como sendo um êxito da sua negociação, não valida nada.
O que é inacreditável, nesta negociação, foi o número de erros cometidos por Chamberlain em todas as etapas do processo de negociação, a começar pela péssima preparação. Mas, o pior de todos, foi não ter levando em conta que a negociação não acaba quando o acordo é firmado, mas sim quando é cumprido, e que se o transgressor não puder ser punido, o acordo não vale nada. De qualquer forma, é sempre bom lembrar que é assim que se compra gato por lebre.
 
Surpresa final
Uma equipe de vendedores brasileiros estava negociando com compradores estrangeiros que falavam um idioma bastante difícil. Depois de vários dias de negociação, os compradores informaram que aceitavam as condições a que se havia chegado e que, portanto, os termos do acordo estavam definidos. Assim sendo, marcaram uma reunião tão somente para formalizar o que havia sido acordado. Quando os vendedores chegaram para a reunião, veio a surpresa. Os compradores alegaram que haviam estudado melhor a questão e que só fechariam a compra caso os vendedores concedessem um desconto de mais trinta por cento.

A falsa negociação
Um executivo foi procurado por um headhunter, com uma proposta irrecusável, para ocupar alto cargo em outra empresa. Na reunião de negociação, para definir as condições de admissão, notou que eram feitas muitas perguntas que não tinham nada a ver com as suas competências e os termos do contrato, mas com estratégias e procedimentos da empresa em que trabalhava. O que aconteceu depois é que não foi chamado para ocupar o cargo e o pretenso headhunter sumiu. Esta foi tão somente uma tática usada por um concorrente para obter informações sobre estratégias e procedimentos da atual empresa do executivo.
Ameaça e intimidação
Um vendedor ia participar de uma licitação, para informatização hospitalar, com uma proposta extremamente competitiva. Antes da reunião para apresentação das propostas recebeu uma ligação telefônica em que a pessoa mostrava conhecer inúmeras informações sobre sua vida pessoal, como a escola de seus filhos e local de trabalho da esposa. A intimidação foi: ou você se retira do processo de licitação ou você não sabe o que vai acontecer com seus familiares.

Mocinho e bandido
É uma tática bastante conhecida, mas ainda empregada e, por incrível que possa parecer, com sucesso. Na realidade, são dois bandidos, mas só que um se apresenta sob a capa de bom moço. Uma variante de mocinho/bandido é a do sócio invisível. Quem negocia é uma ótima pessoa, mas ela tem um sócio que é intransigente. E, este sócio intransigente é inacessível. Às vezes, este sócio intransigente é uma norma ou um procedimento que não podem ser mudados.

O menosprezo
O objetivo do menosprezo é atingir o ego e a autoimagem da outra pessoa e colocá-la num estado mental e emocional fraco de recursos. Um brasileiro foi negociar na Inglaterra e a primeira coisa que o negociador inglês disse foi: "Como é, ainda estão matando muito índio no Brasil?". A mensagem que estava embutida na pergunta era: você é de um país inferior, logo você é inferior. Existem muitas formas de menosprezo. Uma delas é jogar iscas com palavras difíceis que a pessoa provavelmente não saiba o significado. E quando se pergunta pelo significado daquela palavra, vem o menosprezo: "Como você não sabe o que xyz significa. Qualquer idiota sabe o que xyz quer dizer".

Coitadinho
É uma tática para gerar sentimento de culpa no outro. Ela aparece sob a forma de expressões como: "você está querendo arruinar a mim e minha empresa. Pense no número de pessoas que vão ficar desempregadas e nas famílias que não vão ter dinheiro para comprar alimento". Havia até uma empresa que tinha um especialista em chorar. Sempre que era preciso o que diziam é: chama o chorão que ele resolve. É por isto que há quem diga que quem tem pena do coitado fica no lugar dele. Não faz muito tempo, uma televisão fez uma reportagem sobre uma banca de jornal que vendia o "kit mendigo". E o mais incrível foi um mendigo que, para "trabalhar", saiu de um Corolla.

Criação de dependência
É lançada uma isca, como por exemplo, um preço muito baixo para se adquirir alguma coisa. Mas depois fica-se dependente da manutenção e de outras coisas como peças de reposição e sobressalentes e é ai que vêm a exploração. A isca para a dependência é sempre alguma coisa extremamente atraente e é baseada na tomada de decisão com uma visão de curto prazo, sem que se vejam as consequências negativas da decisão a médio e longo prazo.

Situação estressante
Consiste em criar uma situação para deixar o outro em estado mental e emocional fraco de recursos. Existem inúmeras formas de ser feita, entre elas, deixar o outro esperando por horas e horas, fazer reuniões desgastantes que não acabam nunca, colocar a temperatura da sala num nível extremamente desagradável - ou muito quente ou extremamente fria. O fato é que não existem limites para o número destas táticas, a não ser o da imaginação de quem quer utilizá-las.

A falsa confiança
Uma pessoa, ou uma empresa, cria condições para que se acredite que seja extremamente confiável. E, uma vez feito isto, vem o golpe. A questão da confiança é bastante delicada pois, quem não confia de forma alguma, acaba não negociado. Existem muitas táticas que são adotadas, sendo uma delas um golpe chamado de "pato da arara". Um cliente novo, que não era conhecido, negocia um pedido bastante bom, em condições que parecem bastante favoráveis. Verifica-se o CGC e as empresas com quem opera. Checam-se as referências e constata-se que não há títulos protestados. Só há pontos positivos. Melhor impossível. Entretanto, na hora de receber o pagamento, quando do vencimento da fatura, nada acontece. A empresa sumiu. Para dar este golpe uma quadrilha compra uma empresa inativa, com folha limpa na praça, e aluga um escritório e um galpão para servirem de fachada. A partir dai faz muitas encomendas. As araras costumam bater asas entre 30 e 45 dias. Em geral, este golpe pega quem não faz uma análise aprofundada das informações e não toma os cuidados necessários para o caso de novos clientes, sobretudo, àqueles que fazem pedidos muito generosos. Ou seja, quando a esmola é muita, o santo desconfia.

O que fazer diante de quem só quer levar vantagem?
Assim sendo, é fundamental que você conheça muito bem o repertório de táticas e as variantes que são usadas por quem só quer levar vantagem. É preciso saber analisar com profundidade toda a situação para saber se estamos diante de uma ameaça ou se, apesar de tudo, estamos diante de uma grande oportunidade. E, acima de tudo, não perder a cabeça, pois isto pode fazer parte do jogo da outra pessoa, como fez o italiano Materazzi com o francês Zidane, na Copa do Mundo de Futebol de 2006.
 
Tenha um procedimento baseado em três perguntas essenciais: 1) Nesta situação existe uma oportunidade de atendimento dos meus interesses, necessidades e expectativas? Se a resposta for não, retire-se da negociação. Se a resposta for sim prossiga; 2) Posso aproveitar? Se a resposta for não retire-se. Se a resposta for sim prossiga; 3) Como posso aproveitar? Se você encontrar um procedimento adequado e seguro, prossiga. Caso contrário, retire-se.
 
De qualquer forma, tenha presente que os bons negociadores estão preparados para o que der e vier e tem como um princípio importante o que já dizia Benjamim Franklin por volta de 1750: "Quem não leva a sério a preparação de algo, está se preparando para o fracasso". Portanto, é preciso saber que a preparação é fundamental, mas só isto não basta pois, acima de tudo, é preciso saber muito bem como se preparar para se chegar à excelência numa negociação. Foi para isto que criei várias tecnologias como a Matriz de Preparação, um instrumento conceitual simples e poderoso, que mostra como se faz uma análise de risco numa negociação e o MIN - Modelo Integrado de Negociação, que dá uma visão global de todos os fatores que contribuem para o sucesso de uma negociação. Tenha presente que uma das piores coisas que pode acontecer é quando estamos negociando com uma pessoa extremamente competente e desonesta. Assim sendo, esteja preparado para o que der e vier e considere que mar tranquilo não faz bom marinheiro. Mais ainda: quem só sabe navegar em mar de almirante, está fora do jogo.

José Augusto Wanderley
Consultor em Negociação, Excelência de Desempenho e Liderança. Autor do livro Negociação Total 17ª edição. Condução de mais de 1000 programas/seminários efetuados para mais de 20.000 participantes, em empresas e instituições como: Ibmec, UNIRIO, FGV, Petrobras, Vale, Embratel, Aracruz, Usiminas, BNDES, Finep, Bayer, AmBev, Belgo Mineira, Mercedes-Benz, Rhodia, Sabesp, Fiat, Nestlé, Furnas, Shell, Sebrae, Chesf, Correios, Peugeot, TV Globo e Globosat.

Master Practitioner em Programação Neurolinguística, SBPL-SP; Extensão em Organizational Behavior and Development, Pace University, EUA; Participação em workshops conduzidos por Roger Fisher e William Ury da Harvard Law School e criadores do Projeto Harvard de Negociação e por Michael Hall da International Society of Neuro-Semantics; Formação em Coaching Integrado Executivo e Pessoal, ICI - Integrated Coaching Institute;
Co-autor do livro "Gerente Total" e colaborador dos livros "Negociação: Tecnologia e Comportamento" e "Cada Empresa tem o Consultor que Merece".